Projeto Canción

segunda-feira, agosto 21, 2006

A lenda do ñanduti

*baseado em um conto, lido no Café Literário em Assunção, que por sua vez foi baseado em um lenda guarani.


Um jovem índio, apaixonado e desesperançado. Sua mãe lastima a dor de seu rebento. Ele crê que perdeu de vez a chance de passar a vida ao lado do seu amor.
A moça, demasiado bela, é cobiçada por vários rapazes. Uma anciã, com certa maldade, lhe contou que outro fez à moça a oferenda mais bela - pulseiras e braceletes de um metal branco e brilhante, que segundo dizem, ganhou da própria lua, sua madrinha.
Em desespero, o jovem índio fugiu à floresta, queria esconder-se de seu medo, correr sua dor. Encontrou um tronco tombado, e ao tocá-lo um lindo broto floresceu. Subiu sua vista e se defrontou com um esplendoroso tecido, delicado e brilhante.
O fogo se reascendeu em seu coração - essa seria a oferenda perfeita para sua amada, nada poderia ser mais belo! Mas nesse instante seu rival apareceu. Travou-se o combate pelo amor, a luta foi intensa. O corpo morto parecia deixar certo seu êxito. Seu destino estava traçado.
Ele estendeu sua mão para, finalmente, pegar sua oferenda, mas o caprichoso destino mostrou-se irredutível: o belo emaranhado de fios se desfez em baba, escorrendo por suas mãos.
O sofrimento jamais foi tão grande - não haveria outra oportunidade. Vagou entre árvores até acabarem suas forças.
De volta à casa, caiu em doença; estava febril e falando coisas sem sentido. Sua mãe o acordou, e foram à beira do rio. Ele contou tudo o que passara, e ao final de sua história ela, com muita candura, lhe disse: me leve lá. O jovem encontrou nova esperaça no semblante de sua mãe.
Caminharam. Acharam o corpo, coberto por folhas e vermes. O tecido estava novamente lá. O índio, tomado pelo cansaço da noite anterior, dormiu sobre a relva. Sua mãe, mirando o tecido, agora ainda mais belo ao refletir a luz do sol, pegou suas linhas e foi tecendo, copiando o modelo.
Quando seu filho despertou, viu um lindo vestido nos braços de sua mãe - o mais lindo que já pudera haver. Agora sim sua alegria era completa. Teve certeza que seria feliz, ao lado da sua adorada índia.
Hoje este artesanato é tradição guarani, símbolo da cultura paraguaia. O ñanduti se encontra nas feiras, nas ruas e nas casas de cultura. Ñandu é como os índios guaranis chamam a aranha, ñanduti, sua teia.




Mi

1 Comentários:

Às 2:53 AM , Blogger Daniel Caron disse...

Michelle, sensacional a foto da coca paraguaia. Eta Paraguai!

 

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