Admirável Mundo Novo
Semana passada fomos à Casa Che Guevara, na qual Ernesto Guevara passou sua infância e onde agora funciona o museu dedicado à sua história. A casa se localiza em Alta Gracia, a cinqüenta minutos de ônibus de Córdoba.
Pudemos conhecer a história do menino e adolescente que viria a tornar-se o homem-mito, símbolo da luta por justiça e igualdade, e sua posterior trajetória como guerrilheiro e líder político. Sua dedicação aos seus ideais é memorável. Um homem que na vida privada e social seguia seus princípios, que dedicou a sua vida à construção de uma sociedade que não diferencia pobres e ricos, brancos e pretos, homens e mulheres. Acreditava que a luta armada era a única maneira de mudar o sistema opressor. Abdicou dos prazeres que sua condição social oferecia, da convivência com sua família, tudo na tentativa de concretizar o que achava ser o melhor para a humanidade.
"Sejam capazes de se indignar cada vez que virem uma injustiça", escreveu Che Guevara aos seus filhos. Mas não queremos ver. Convivemos com crianças revirando lixo em busca de comida e desviamos o olhar. Selecionamos o que convém à estabilidade de nossos mundinhos de ilusão e consumo. Nos empilheiramos em grandes centros, cedemos à massificação, à desumanização e ao tratamento impessoal do homem moderno. Fazemos dos meios os fins. O dinheiro deixa de ser uma ferramenta, passa a ser um fim em si mesmo, o maior e incontestável valor humano. Somos incapazes de conversar com os moradores de rua, de oferecer-lhes um pedaço de pão. Transformamos soliedariedade e amor ao próximo em palavras vagas, esvaziadas de seu verdadeiro significado.
Somos egoístas. Competitivos. Capitalistas. "Que vença o melhor", esse é o lema de nossa sociedade. Mas a maioria não tem a oportunidade de desenvolver seu melhor, é explorada em subempregos, desempregada, sobrevive nas condições mais precárias de vida, excluída de infra-estrutura e tecnologia.
Tenho vergonha do que a humanidade se tornou. Bando de selvagens egoístas, isso que somos. Temos medo. Queremos poder, conforto e prazer. Não dialogamos, trocamos frases mecânicas que não dizem nada. Conveniência social, bons modos. Desumanização. Escondemos o que temos de mais rico, de mais espontâneo e único atrás de frases feitas. Nossos olhos estão presos aos nossos umbigos. E assim, insistentemente, seguimos.
"Agora eu vou cantar pros miseráveis que vagam pelo mundo derrotados
Prá essas sementes mal plantadas, que já nascem com cara de abortadas
Prás pessoas de alma bem pequena, remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que nao têm
Prá quem vê a luz e não ilumina suas mini-certezas
Vive contando dinheiro e não muda quando é lua cheia
Prá quem não sabe amar, fica esperando alguém que caiba nos seus sonhos
Como varizes que vão aumentando, como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade, Senhor piedade
Prá essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade, Senhor Piedade
Dê-lhes grandeza e um pouco de coragem"
Cazuza
Mi
2 Comentários:
Mi, Vi hoje o seu blog e gostei bastante muito de monte. Linkei-os no meu.
OI augusto!! vi seu comentário no seu blog sobre nós. Muchas gracias pela parte que me toca.
Beijao
E gust, nao sou muito boa em internet. nao percebi que dava pra responder aqui no blog mesmo até hj, tentava entrar no seu blog para responder e nao conseguia. Mas é isso aí, estasmos aí.
beijos
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