Projeto Canción

quarta-feira, outubro 04, 2006

Considerações finais sobre uma nação

Ainda não contei de Córdoba. No momento em que estavámos chegando, comentei com o Thiago: "essa cidade tem um ar de Curitiba". Mas a primeira impressão nem sempre fica. Córdoba é Córdoba. Foi lá que tivemos mais sucesso no nosso "empreendimento". Eu vendi um par de malabares. O Thiago se deu melhor ainda: estava fazendo suas apresentações nos semáforos, quando foi chamado para ir à uma festa, fazer malabares por umas duas horas por 40 pesos. Eu fui junto, inclusive me apresentei também. Foi bem engraçado. Era uma festa para menores de idade, em uma boate. Uma piazada de 15/16 anos se esforçando para aparentar 20. As meninas superproduzidas, com micro-saias e tops, os meninos de calça larga, boné e cigarro na mão. Músicas horríveis a noite inteira, mas como ainda não nos alimentamos de luz e nem sempre conseguimos carona, a grana é necessária. Ossos do ofício.
Ficamos num hostel cujo dono vivia lá mesmo. Ele dormia nos quartos para seis pessoas, junto com os hóspedes. Trabalhou em outros hostels antes e me disse que eram muito "estilo empresa". Ele não, ele quer receber os mochileiros na sua casa, em um ambiente informal e aconchegante. A idéia é bem legal, mas o problema é que algumas pessoas ficavam o dia inteiro dentro do hostel. Havia um computador com internet disponível, mas eu dificilmente conseguia usar, sempre tinha alguém.
Depois de uns dias queríamos encontrar outro lugar para ficar, onde pagássemos menos e tivéssemos mais espaço para ficar tranqüilos. A essas horas o hostel estava totalmente lotado, sem condições.
Um dia eu e o Thiago nos desencontramos e caminhamos separados pela cidade. Ele viu um cara tocando flauta, tirou uma foto, perguntou quanto custavam as flautas e assim foram conversando. O nome dele era Kike e fazia uns cinco anos que estava viajando; já pensava em voltar para o Equador, sua terra natal.





Kike








Ele conseguiu que nós ficássemos na casa que ele alugava. Teríamos que pagar dez pesos diários por pessoa. Mais barato que o albergue. Era um moquifo, não tinha uma panela limpa, mas para ficar só dois dias tudo bem. Na verdade queríamos ter deixado Córdoba na sexta-feira, mas descobrimos que o trem para Buenos Aires só sairia no domingo. Nesses dias não planejados a mais, ficamos na casa de Kike.
Aliás, a viagem de trem foi uma decepção. Pensávamos que iríamos ver lindas paisagens pela janela, como nos filmes. Até poderia ter sido, se a viagem não fosse praticamente toda à noite. Saímos às 16h30 de Córdoba e chegamos a Buenos Aires às 07h30 da manhã.






trem de Córdoba para Buenos Aires








Mesmo assim foi interessante - na saída de Córdoba pudemos ver as "villas", equivalentes às favelas brasileiras. Chegou um dado momento em que tínhamos que fechar as janelas do trem, porque as pessoas jogam pedras. Ficou claro que a Argentina sofre dos mesmos problemas que o Brasil, mesmo que em diferentes proporções - concentração da população nas áreas urbanas industriais e a conseqüente marginalização da mão-de-obra excedente não qualificada, que como cães de rua vive dos restos.

Um país em declínio
Conversando com as pessoas pude concluir que a Argentina, que por um longo período da história conseguiu se diferenciar da miserável situação latino-americana, está em decadência. O ódio que sentem por Menen, o ex-presidente corrupto que fez o trabalho de privatizações e adequação ao sistema neoliberal que Collor e FHC fizeram no Brasil, pode ser ouvido nas conversas e nas músicas. O histórico investimento em educação, tão característico do desenvolvimento argentino, vem sendo abandonado. As instituições de ensino mantidas pelo governo enfrentam a mesma situação que no Brasil: corte de verbas, falta de professores e problemas de infra-estrutura, enfim, sucateamento das escolas públicas. O desemprego assola a população. A marginalidade e o trabalho informal surgem da necessidade como soluções imediatas à crise.
Em Buenos Aires estava lendo "As veias abertas da América Latina", de Eduardo Galeano. É incrivelmente triste perceber que os problemas sempre são essencialmente os mesmos em nosso continente, independentemente do período histórico ou do país. Às vezes o poder se transfere de mãos, os produtos de exploração se alternam em ciclos, os regimes políticos são derrotados e substituídos, mas a estrutura de exploração é a mesma: expropriação das riquezas naturais e humanas, exportação da maioria do capital e concentração do pouco que fica na nação nas mãos de elites coniventes com o poder vigente. Como o grosso do capital vai para o exterior, o Estado fica sem verbas para os investimentos básicos, e vai pedir ajuda justamente para aqueles que lucram em seu território. O empréstimo vem, mas junto com várias "recomendações" de como investi-lo, mantendo esse sistema de exploração.
José Carlos Mariategui fez um diagnóstico do Peru no ano de 1928, em "Sete ensaios de interpretação da realidade peruana", porém sua validade se extende para a América Latina e, infelizmente, continua atual. "O obstáculo, a resistência a uma soluçao, encontram-se na própria estrutura da economia peruana. A economia do Peru é uma economia colonial. Sua movimentação, seu desenvolvimento, estão subordinados aos interesses e às necessidades dos mercados de Londres e de Nova Iorque. Estes mercados enxergam o Peru como um depósito de matérias primas e uma praça para suas manufaturas. A agricultura peruana obtém por isto, créditos e transportes apenas para os produtos que pode oferecer com vantagem nos grandes mercados. As finanças estrangeiras interessam-se um dia pela borracha, outro pelo algodão, outro pelo açúcar. O dia em que Londres possa receber um produto a melhor preço e em quantidade suficiente da Índia ou do Egito, abandonará imediatamente à sua própria sorte seus fornecedores do Peru. Nossos latifundiários, quaisquer que sejam suas ilusões que tenham acerca de sua independência, nao deixam de agir, na realidade, apenas como intermediários ou agentes do capitalismo estrangeiro."
Mas a Argentina ainda tem uma vantagem, uma carta na manga à mais que os brasileiros: a consciência política. As manifestações artísticas argentinas frequentemente têm conteúdo crítico. A população em geral fala de política, reflete sobre a situação de seu país, desde os mais velhos até os mais jovens. Caminhoneiros me contaram das injustiças socias, os músicos falam da desigualdade em seus discos. Nos dias em que passei na praça em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, havia manifestações políticas e sociais. Há um movimento fundado pelas mães de presos políticos, as Madres de Plaza de Mayo. Surgiu como protesto aos horrores da ditadura e exigia a volta com vida dos jovens desaparecidos. Esse movimento cresceu tanto que hoje possui um jornal, uma rádio, uma biblioteca e até uma universidade. Estive na biblioteca, que tem um acervo riquíssimo de obras sobre a libertação dos povos latino-americanos, movimentos sociais, etc. Existe na Argentina uma consciência de que as coisas estão erradas, historicamente, e que não precisam ser assim. O próximo passo seria elaborar uma alternativa coletivamente, e depois, o mais difícil, implantá-la - trabalho que os movimentos sociais vêm desenvolvendo. Evoluir da consciência crítica para a construtiva.

Última parada
De Córdoba fomos para Buenos Aires, depois seguimos pedindo carona em direção ao Chile, com a intenção de parar na parte argentina da Cordilheira dos Andes e conhecer neve (o sonho de todo brasileiro). Fomos parar em Puente del Inca, uma cidadezinha povoada por uma base do exército e comerciantes, que recebem diariamente às várias excursões de turismo que passam pela cidade. Todo esse clima turístico, incluindo os preços altos, não puderam abalar nossa alegria. Voltamos a ser crianças. Ficamos só dois dias, cercados de lindas paisagens - uma curiosa e singular mistura de vegetação semi-desértica dos Andes e neve, e seguimos rumo a Valparaíso, no Chile.









Puente del Inca







Ao fim de nossa passagem pela Argentina, apesar de ser difícil colocar toda uma nação em um mesmo saco, poderia definir os argentinos com duas palavras: loucos e apaixonados. Acho que essa rivalidade com os argentinos é porque eles têm uma personalidade muito forte, "personalidade demais", para alguns. "É que o argentino tem muito amor próprio", me disse Beto, o senhor de Junin. Pode ser. Mas pensando bem, encontrei uma terceira característica para os argentinos: loucos, apaixonados e apaixonantes.



Mi

16 Comentários:

Às 11:26 AM , Blogger Andreza disse...

Caraca!
nem pra se despedirem de mim!
;)
então meus amigos, estou morando em campo grande outra vez, o gusst me passou o blog de vcs e com tempo e cuidado vou lendo os posts ate agora...
Desejo toda boa sorte do mundo pra vcs e que essa historia seja mais encantadora do que me parece já estar sendo!
Bjuz!!
Andie (andreza)

 
Às 1:54 AM , Blogger Augusto Ouriques Lopes disse...

Escrevi isto sobre os dois no meu blog:

Blog amigo "Projeto Canción"

Michele e Thiago pegaram a estrada e foram explorar a América do Sul. Pegando carona e vendendo artesanato com o violão a tira-colo os dois jovens prosseguem.

Até aí nada de mais, hippie tem em todo canto. Mas acontece que os dois são geniais. A Michele escreve muito bem e tem a cabeça certa para analisar este mundo incerto. E o Thiago, bem, o Thiago, é um artista da vida. Leva a existência como quem toca Jazz de improvisso. Tem amigos barrocos, bauhausianos, dadaístas e surreais. Lembro de quando ele passou num concurso do Banco do Brasil, de primeira sem esforço, só para dançar sobre a mesa de jantar do status quo. Largou aquela vida, porque VIDA é só essa só, e saiu pelo mundo.

Eles tem um blog. Olha aqui.


PS. Os dois foram (ou ainda são) estudantes comigo de Comunicação Social na Federal do Paraná, que também é pra quem pode. Assim os conheci.

 
Às 2:56 AM , Blogger Daniel Caron disse...

Delicioso seu texto Mi. Parabéns!

 
Às 8:00 PM , Blogger Daniel Caron disse...

Publiquei esse lá no rodamundo. Lindo o texto Mi. Parabéns. Usei umas fotos que já tinha trabalhado. Sei que são do Paraguai, literalmente falando, mas são mais para ilustrar a trip. Não tem nenhuma foto de vcs? Grande abraço nos dois e sorte na jornada.

 
Às 2:56 PM , Blogger Michele Torinelli disse...

Beijos Helo, beijos gust, que bomque estao nos acompanhando nessa viagem, espero que esteja sendo uma boa viagem para vcs, ehehe.

Andreza, agente saiu de Curitiba corredo, com mil coisas de última hora para resolver, mas nos vemos na volta quando passarmos por Campo Grande. Beijao

 
Às 3:03 PM , Blogger Michele Torinelli disse...

OI augusto, eu já tinha entrado no seu blog e visto o comentário sobre nós, muchas gracias, lisonjeadíssima.
Ah,mas eu tbm "passei num concurso do Banco do Brasil, de primeira sem esforço, só para dançar sobre a mesa de jantar do status quo." talvez com um pouco mais de esforço que o roli,hehehe.
Beijao querido Ah, e ainda fazemos comunicaçao sim. Tem que voltar pra curitiba e terminar a facul...


Amarelo! Vcs vao para Cuba em Janeiro? Existem grandes possibilidades de nos encontrarmos la! Quanto tempo vao ficar lá?
E como vcs vao? Passa mais dicas aí, que sim, estao sendo muito úiteis. Muito massa que meus textos estejam snedo publicados no site do soy loco, esperam que sirvam para alguma coisa, que inspirem reflexoes em quem lê, ou que ao menos de uma boa visao da viagem, sei lá. Beijos, e boa sortepor aí tbm! Mande beijos pro Eriko.

 
Às 3:07 PM , Blogger Michele Torinelli disse...

Caron meu querido,como vc pode ler no ultimo texto, roubaram minha camera! Vc pode entender perfeitamente como me senti, levaram minha bebezinha! Enfim, a vida segue. Mas agora tô sem a camera digital, tem algumas fotos que ficaram gravadas no computador da minha amiga no chile, ela vai me mandar por email,daí eu te repasso. Massa que vc curtiu o texto, e valeu por publicar, muito legal mesmo. Elogio de jornalista pesa mais, hehehe.
Como tá a luiza e sua respectiva mae?
Beijao

 
Às 8:40 AM , Anonymous Anônimo disse...

Nao sei pq cheguei a este blog, legal a viagem de vcs e tal.

Soh queria fazer um comment sobre a Argentina. Moro aqui há 3 anos e há muito mais tempo visito o país. Vim de novo pra passar um tempo maior, conhecer melhor, detalhes minúsculos da vida argentina. E é foda.

A Argentina é um pais decadente há pelos menos 70, 80 anos. E o pior é a falta de criatividade de solucionar os problemas. A concentração de renda aqui não nasceu ontem, depois da crise de 2001, que EU vi estalar diante dos meus olhos, quando minha viagem era nada mais quede mochilar como voces, e acabei vivendo um momento histórico.

Naquele momento, eu achava quase o mesmo que vcs escreveram aqui. Hoje, sei que os argies têm a grande criatividade de parecer o que não sao (sao décadas de prática...), e consolidar a dor por gerações e gerações - gerações que nao têm mais que sofrer com o sofrimento das gerações passadas, porque se isso adiantasse, estariam todos no Primeiro Mundo A +++ Plus Plus.

Consciência crítica? Argentino só critica mesmo, construir que é bom nada. Depois se fode e se pergunta "como!?!"

Tenho mil exemplos mas deixa pra lá. Madres de Pza de Mayo vivendo milionariamente do crime cometido contra seus filhos e recebendo autoridades cubanas como se Cuba não fosse TAMBEM um regime assassino.

Nada disso constrói o caráter.
Só explicando, apesar de nao ter que - tenho uma formação marxista blablabla...mas aprendi, lendo, pensando, viajando muito, que tudo vai além dessa superfície, mas muito além do que uma pessoa possa sonhar, as pessoas fazem coisas assombtosas e terriveis e sua capacidade de mentir especialmente levantando a bandeira de causas mais que justas é infinita.
O buraco é mais embaixo. E a Argentina tá lá no fundo dele.

Beijos pra vcs, só queria mesmo dizer que não se encantem com as "sereias" da Argentina. Cantam muito, parecem saber e entender o mundo... ams pq nao podem mudar o seu? Culpar EEUU, imperialismo e o escambau é fácil. Trabalhar é que difícil. Argentino não poupa em seu próprio país. Aí a gente entende pq, por outro lado, ter uma conta em banco aqui é um absurdo de dificuldades (até pra abrir a conta...) e as taxas sao uma loucura (cobrar muito dos poucos que se aventuram). Perguntaria um brasileiro, filho de um país desenvolvido e de mentalidade e atitudes desenvolvidas e voltadas ao trabalho como é o BRasil): "Mas nao seria melhor baixas as taxas, oferecer planos atraentes, ter mais clientes?" Claro que sim, certo? Errado. Vá tentar convencer o argentino de ter conta em banco... "Ah mas eh por causa da crise, em que os bancos roubaram deles... tem que entender blablabla" EH NADA!!! Isso vem de séculos. Falta-lhes identidade, crer no país... etc etc... Aqui, roubar e reclamar, é só começar. Mas na primeira oportunidade, estes mesmos "conscientes" vão fazer fila na porta dos consulados e embaixadas, para tramitar seu passaporte estrangeiro e se safar com documentos que provam umas gotitas de sangue europeu nas veias. (Qualquer branco tem sangue europeu neh, cara palida, ainda que segundo as leis de paises europeus ja nao se tenha mais direito a pedir cidadania, tipo, quando ja se passaram muitas e muitas geracoes.... obvio, tem logica, o imigrante ja se arraigou tanto que nao faz muito sentido pedir cidadania de outro lado... no caso essa cidadania que eles pedem devem ser entendida como "versao camuflada top de refugiado economico").

Conheçam o país, entendam a política mas desconfiem SEMPRE do blablabla politico - urbano e nao urbano - especialmente em paises em que nem a esquerda se entende. Argentina é o caso. Patético.

Salut, nao levem a mal, se vierem viver aqui vao ver que eh assim, bastam umas semaninhas pra se dar conta. MAs viver mesmo, nao viajar.

Boa viagem meninos.

palermo900@gmail.com

 
Às 3:56 AM , Blogger Unknown disse...

ah, achei.

 
Às 6:45 AM , Anonymous Anônimo disse...

Ah entao: eu não perco meu tempo escrevendo aqui sobre minha VIVÊNCIA de 3 anos de Argentina, me MANTENDO bravamente aqui pra vc, turistinha de passagem, esnobar minha vivência e me mandar ir embora daqui não, tá, riponga? Quando tiver culhões, não se esconda respondendo no meu email.

Vc "crê" no que quer ver.

Sou jornalista e das boas, tenho sangue, além do diploma. Minha alma recebe sua pergunta como a alma de um correspondente internacional: o cara anuncia que o Iraque tá sendo bombardeado e ninguém - tipo VC - entende pra quê ele quis ir para lá se é "tão ruim". Ah, vai podá-lo de fazer seu trabalho tb? De dizer o que está acontecendo, pq se ele está lá ele tem que falar bem, e não falar a VERDADE, se a verdade for tão feia que parece que ele não gosta do lugar? Vai ser ingênua assim na China.

Palermo900

 
Às 6:54 AM , Anonymous Anônimo disse...

Na tua cabecinha, as coisas parecem funcionar assim. Tá bom então, vc deve ser daquelas que não criticam o fato de o Bial agora apresentar o Big Brother, logo ele, que anunciou até a queda do muro de Berlim. Deve ser pq lea a coisa tava feia, melhor estar na Globo apresentando o Big Brother que falar "mal" pq o que se vê é... adivinha!? RUIM! Nah, vamo voltar pro Brasil, colocar os óculos rosa da Globo e morar em Ipanema... Dá igual.

Ou seja, se pra cv eu falo mal da Argentina, pq vc mora no Brasil se brasileiro - como vc - nao tem consciência política? Vem pra cá, nena!

Darling: só reconheci nos seus textos desse blog as idiotices que eu csotumava dizer da Argentina quando eu NÃO morava aqui (tempo "parado" segundo a sua opinião de morar num lugar por muito tempo, conforme comenta sobre o "intercâmbio" que vc achou "parado". Conhecer pra vc não é vivenciar com tempo e lentamente. É tirar foto. Lesgal.

Tb já dise que "argentino tem muita personalidade". Tb já disse que "perto de mim ninguém falava mal da Argentina", pq afinal eu vi como eles foram "assaltados pelo FMI", eu vi isso aqui quebrar mon ange.

Depois, morando aqui, as coisas ganham matizes, sabe, nena? E aqueles argentinos que tentam provar que são muito orgulhosos de seu país não colam mais. E como eu percebo na hora? Preferem falar com qualquer um que tenha chegado ontem que comigo,s e eu estiver com meus amigos estrangeiros, por exemplo. Claro: com eles dá pra mentir melhor. Yo les saco la ficha el toque.

Então, por favor, páre de escrever textículos sobre a revolução do pó e quem sabe reler meu comment te sirva para perder o cinismo? Não, pq os vários emails que eu te fui enviando era pq eu li, depois reli e reli seu email e encontrei nele matizes cada vez mais horrendos - e ingênuos, coisa que vc pensa que não é.

Machts gut. (E acho melhor vc ir pra Itália... quem sabe.)

Palermo900

 
Às 7:02 AM , Anonymous Anônimo disse...

Ah, esclarecendo: quem disse que ao brasileiro falta consciência política foi vc mesma aqui nesse blog.

Acho que vc quis responder no meu email para não demonstrar aqui sua santa ignorância. E foi fazer cocô lá na minha inbox. Legal, mas olha, carece não. MAis legal mesmo foi o teitulo: "Direito de resposta", como se meu comment fosse uma acusação num tribunal. Novamente, releia-o-lho!

Aí vai.

Machts gut!
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Michele Torinelli mi_haushinka@yahoo.com

Sep 14, 2007 6:03 PM
subject direito a resposta!

Oi, Palermo é seu nome né?
Ontem li seu comentário no blog, e achei melhor responde-lo por email.
Não por mal, mas fiquei curiosa: se vc acha tudo isso dor argentinos, por que mora aí?
Eu acho que não dá para dizer qual é a verdade (a minha ou a sua), e isso realmente não importa, não existem verdades mas versões afinal. Mas posso te dizer que fui sincera, e não acho que sou ingênua. Sei que a Argentina não é um mar de rosas. Acho que nenhum lugar é! Mas tentei falar um pouco tanto do bom quanto do ruim que encontrei por aí.
Quanto as madres, sim, já sabia das tretas envolvendo elas. Mas acho que isso não desmerece o fato de um movimento de esquerda ter enfrentado a ditadura (ferrenha, por sinal), e ter conquistado tanta coisa. É como o MST aqui no Brasil. Existem falhas? Sim, e gravíssimas. Mas qualquer ambiente micro-social reflete os problemas da sociedade em geral, seria muito mesquinho exigir a perfeição dos outros. Não que se deva fechar os olhos, mas acho que deveríamos admirar a luta alheia por uma sociedade melhor, apesar de não ser exatamente como desejaríamos. Mas se fosse como desejamos, será que daria certo? Nós seríamos capazes de por em prática um plano por uma sociedade melhor, articulando movimentos como as madres ou o mst?

Bom, é isso que eu acho.
Um abraço, Michele.

 
Às 7:05 AM , Anonymous Anônimo disse...

Segundo eu li, nao disse NADA distinto do que VOCE disse.

Simplesmente vc agarrou o das Madres pelo que deve ser ainda sua ilusao do que é consciencia politica e tal.

Segundo eu li tb no meu comment, nao critiquei vcs. Agreguei o que vcs nao sabem e que EU tb nao sabia sobre a Argentina. e que infelizmente brasileiro tem mania de falar mal de si mesmo sem ver a merda que na verdade estah ao lado.

Ou vc acha que esss comentarios superficiais, como o da moça que nem sabia que merda era a Geni eu tb nao passei, 1002 vezes aqui?

tudo o que eh superficial eh assim, lindo.

Agoa, vc basicamente me diz,como todo argentino hipocrita, que eu e todo mundo temos que viver aqui e de repente sermos burros de uma hora pra outra, sem criticar.

Aham, ok, acontece que vc mesma se decepcionou.

Se argentino tivesse consciencia politica acha que eles estariam como estao?

Nao sabes a inveja que eles tem de como o Brasil tah agora. E nao eh inveja ruim nao, eh inveja tipo: "puts, e nos nao somos capazes".
Curioso nao? Mais ou menos como vc diz se sentir em relacao a eles... "pelo menos eles tem uma vantagem, a da consciencia politica".

Aham. Viva aqui, escute, sem opinar muito. Foi o que eu fiz, um ano e meio, absorvendo. Vendo o que ELES dizem deles mesmos. "Pais sem memoria" eh a PRIMEIRA coisa que dizem. parece o Brasil ne? So que eh pior. Eh uma lavada de mao atras da outra. Hoje todo mundo jah esqueceu que votou no Menem, e a culpa, adivinha!!! eh do FMI.

Aham.

Ha defeitos em muitas coisas - inclusive nos calculos que dao a Argentina quebrada como melhor em qualidade de vida e renda per capita que o Brasil potencia.

Aham. Agora, eu vivo bem. Apesard e tudo e de toda roubalheira que me aprontaram aqui ano passado (e nem me venha dizer ue isso contece em todos lados, pq nao acontece nao! com essa astucia aqui, dificil menina! e eh triste. problemas deles, eh o pais deles. eu passo por isso, refaço meu dinheiro, e mais importante minha saude e quando me der na telha, pego um aviao e me pirulito).

A pergunta que nao quer calar eh: pq eu faço, e eles nao??? Erm... talvez que deva apenas comentar que tenho uma VIDA aqui. Nao estou de passagem. Pra ter direito de trabalho legal, tirar documento aqui etc eh SUPER dificil., ateh pra eles. Nem sonhe que um cara aqui va tirar segnda via de RG e que fica pronta dai a 1 mes mais ou menos ou no dia, como no BR. NAO: demora ateh dois anos. Bem-vinda!

Imagina sendo estrangeiro??? Pois bem, desde sempre, aproveitei meu golpe de sorte e faço muito mais grana que todos os meus amigos argentinos. e olha que as vezes acho que tenho um trampo da porra. Minha pergunta eh, pq eu e eles nao? Pq talvez estejam nublados demais para ver as coisas como sao. Pq têm muito blablabla pseudo socialista e nenhum amor ao trabalho.

E antes que vc jah me jogue aquele rotulao e tal, nao vejo mais espectors politicos nas coisas, mas digamos que eu tenho uma educacao de visao de esquerda. digo assim pq: meus pais nao eram militantes, mas tb nao eram idiotas e eram trabalhadores; minha cidade eh uma cidade operaria e ultra maxi mega hiper politizada, mas nao vou te dizer qual eh; nao sou hippie; noa sou pseudo socialista; quem buscouminha educacao politica fui eu, no sentido de que meus pais me educaram abertamente com nocoes que eu, dentro do que busquei como politica "formal" pra minha vida, posso dizer que sao de esquerda. mas eles nao precisam ser militantes nem hippies nem estar em nenhum movimento nem fazer piquete por causa disso. Ou seja, uma visao aberta, e simplesmente posso ver isso mas tb vê-lo de fora e criticar isso, pq nao creio que responde ao mundo de HOJE. E que achando que mudam algo no mundo, só nao percebem que repentem um clichê que, enquanto estiverem olhando para estes modelos do passado, serao zero à esquerda para os fabulosos e complicados meios de "dominacao" que hoje existem nesse mundo (ainda que eu nao goste de usar mais esses termos, dominacao, luta etc.). Alias, ateh simplificam a dominacao, pq estao "lutando" do jeito errado, e portanto, ineficaz. Eh meio como fechar a Br-101 enquanto os caras roubam tudo pela via Dutra. Nexo zero.

Entao sinceramente nao entendi seu ataque. e nem sei se quero entender. pq teu email teve a infelicidade de cair na minha inbox num momento de mau humor por causa de uma dessas coisas tb, ainda que em outro âmbito da minha vida.

E sao essas coisas que me fazem ver que realmente minha mente corre demais para os demais.

Salut.

E boa viagem, ainda que jah tenham voltado.

Ah, só pra exercitar, leiam meu comment de novo. Eu reli e vejo que mais ou menos escrevi o MESMO aqui agora pra vc. VC soh nao entendeu pq nao QUIS. Acho que tah muito claro la no meu comment, e ateh falei um pouco de mim. Acontece que relendo-o, tive a certea do que acabo de dizer: v se aferrou a UMA LINHA que eu disse das madres e jah meteu o MST no meio, blabalbal, falou de erros, de mesquinharia etc. Nada a ver. Que mundo melhor, tah doida? Legal eh vendendo artesanato e tirando foot de indio que a gente vai fazer isso, lendo che guevara etc... FELIZ CHE GUEVARA, que nao teve a infelicidadde de saber o que era SOJA TRANSGENICA, Monsanto, Monsanto patenteando os porcos do mundo, fazendo com que os produtores sejam seus escravos por uma coisa criada, na melhor da hipoteses, por Deus.

Poh, meu, na boa, nao queria te dizer isso nao, nem desse jeito, pq vcs sao bem intencionados ateh, soh muito inocentes e hippinhos. MAs agora eu toh brava, pq percebi que escrevi montes pra ti, reli meu comentario e vi que tava muito claro e que perdi tempo escrevendo de novo e tals. DEvo ser inteligente demais. ou vc muito tolinha pq tah tudo la, e vc resolveu bater numa teclinha soh.

Alias googleei seu nome e vi que vc escreve nuns sites com perfil meio "revolucionario", tinha um texto seu sobre "ocupacao" na UFPR... hummm. Va fumar um baseado e achar que o mudno eh isso ahi, vai.

Eu no seu lugar, cheiraria cola.

Ciao.

Pode falar o que quiser. Vc nao me conhece mesmo e sei que vai pensar o que quiser e eu nao tenho que me explicar pra ti. PQ sei como sao pessoas como vc e esse "mundo da revolucao truncada". desculpe tb a generalizacao, mas na boa, escreva algo mais inteligente da prox vez. Ou nao. Aham.

soh falta fazer igual a um argie na semana passada, que soh pq eu falei uma coisa, em vez de manter uma conversa plausivel, saiu pela tangente e me perguntou entao o que eh que eu estava fazendo pelo MEU pais.

Aham, olha que perguntinha filha da puta de quem nao faz nada pelo seu há seculos!!! da licença, meu. Eu soh disse o seguinte: "O seu incapaz, o PAIS mora dentro de mim e o que eu faço por ele eh agir en conformidade com a minha cultura melhorando o TEU pais e pagando impostos no TEU pais pra ter que ouvir esse monte de merda de VOCE. Na boa, vai trabalhar." Algo assim eu respondi. O cara nao respondia nada, se meteu a falar de uma coisa que noa conhece nem nunca viveu la - BRASIL - e me dizia absurdos assim, e se supunha que a belezoca aqui tinha que tragar isso. Aham. Legal.

Tschüssi, machts gut.

 
Às 7:17 AM , Anonymous Anônimo disse...

Tudo isso que posto está respondido no seu email. Mas vi que era tão cara-dura vc nao se aventurar a demonstrar sua petulância no seu próprio blog - claro! - que resolvi copiar tudo aqui.

Sobre o Argie: eu nao o provoquei. O cara tinha me caído super bem, até que começou a perguntar demais da minha vida - típico... "como ela faz pra viver tao bem aqui? será puta? como tem grana se brasilerio eh pobre???" Se eu fosse sueca ele não seria METADE do petulante que foi.

Cansa sabe. Tenho amigos tb, mas coisa boa não eh amis do que o normal na minha vida. O que agrega são as lições do anormal.

Então, como fiz no teu email, copio aqui o email respondido ponto a ponto, e eu já fula da vida com sua balela.

Machts gut!

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Oi, Palermo é seu nome né?


Sim... minha querida pequena cinica... HAUSHINKA!

:)


Ontem li seu comentário no blog, e achei melhor responde-lo por email.



Pq??? pa nao se darem conta de seu cinismo??

Pode deixar que eu quebro o seu galho.
Veja como no SEU blog.


Não por mal, mas fiquei curiosa: se vc acha tudo isso dor argentinos, por que mora aí?



Se vc acha que os brasileiros nao tiem consciencia politica, por que nao mora AQUI????

Quanta idiotice. Se igualou a eles.

Agore me dei conta do seu grau de cinismo.

Deve ser pq vc eh sulista. Deve achar que eh melhor que o resto do Brasil tb.

Vai ficando curiosa, tentando decifrar de onde eu sou, se nao sou sou do sul, falo meu, pensam que sou carioca, e venho de uma cidade industrial... meu deus, o Brasil eh tao grande.

Gizuis, falei no emu comment que tb vim aqui como vcs - noa hippie, mas paraconhecer melhor e tals balalbala

Parece que vc noa le nem menina???
Puta que pariu.

Agora eu vi o tempo que eu perdi.

Santa ignorancia.

O problema eh que com sua cabeçota revolucionaria, vc via "revolucao" em cada indio andino.

Eu me despi de meus pre-julgamentos e hj vejo que penso e falo como qualquer argentino nao hipocrita - e isso, para sua dor, exclui os "revolucionarios".

Agora realmente, FUME porro ateh morrer e vê se pára de escrever bobagem, e pior: repetir cliches achando que tah fazendo coisas que foram feitas ha mais de 30 anos. Modelos sao para os menos aptos. Assim sobrevivem. Livre-se deles.




Eu acho que não dá para dizer qual é a verdade (a minha ou a sua), e isso realmente não importa



Nao?? Entao pq daí do interior do milho vc me expulsa aqui da minha linda Recoleta? "Hein, essa mina de direita quer me convencer de que eh filha de operarios e tem consciencia de esquerda morando na REcoleta!?!?!?" Jah tô vendo sua cabecinha dando um nóo......



, não existem verdades mas versões afinal.



ops, podia ter lido a minha com mais atencao ne?



Mas posso te dizer que fui sincera, e não acho que sou ingênua.



Isso eh ego. Temq ue ver o que os outros dizem criticar-se um pouco mais. eu tb acho coisas lindas e maravilhosas de mim se nao me criticasse tanto.

Tanto que tive a humildade de perder meu tempo com vcs


Sei que a Argentina não é um mar de rosas.


Aham.


Acho que nenhum lugar é!



Clichê. Pense: não é mar de rosas mas vc disse que tem consciencia politica. Por aquim invejam a institucionalidade brasileira, pq noa conseguem fazer uma minima eleicao sem fraude (leia-se Cordoba recentemente)... Hein? ah, claro vc tah longe demais, ams quer opinar sobre o que nao sabe, e a mesuqinha sou eu... pq? ah as Madres... claro. alguem se importa? Que pena. O Kirchner as usa, tocando sua ferida de novo como se estivesse oficialmente tendo "politica de direitos humanos". Elas sabem que eh mentira, mas vao la, apertar as maos dos caras, pq sabem que eh um momento de capitalizar-se. hehe, eh talvez AHI estejam sendo inteligentes. reconheço. use se eh usado.


Mas tentei falar um pouco tanto do bom quanto do ruim que encontrei por aí.



Da licenca, nao tinha a sua arrogancia quando passei 4 dias na minha primeira vez aqui, garotinha, vc estah falando com uma veterana, ponha-se no seu lugar e OUÇA quem sabe "um pouquinho" mais que vc. vc acha que o Galeano fala algo diferente de mim? ele soh eh mais polido, talvez pq nao tenha que responder ao SEU comment/post.

Quanto as madres, sim, já sabia das tretas envolvendo elas.


que tretas? me conta.


Mas acho que isso não desmerece o fato de um movimento de esquerda



xiiiiii.... De esquerda? ou eram de esquerda os filhos e elas nem sabiam o que era isso e queriam seus FILHOS, nao importa se de direita, esquerda, meio??? tem madres que dizem isso, sabiamente sabia? enquanto a Bonafini fica chamando ao socialismo e à revolucao ateh hoje.

calm down.



ter enfrentado a ditadura (ferrenha, por sinal)



hein? tell me something new.



e ter conquistado tanta coisa.




É como o MST aqui no Brasil.



O MST enfrentou a ditatura??? (ah me deixa fazer um comentario burro e literal como o seu, deixa!!!)


Existem falhas? Sim, e gravíssimas.



Quais?


Mas qualquer ambiente micro-social reflete os problemas da sociedade em geral,



Nossa..

seria muito mesquinho exigir a perfeição dos outros.



Ja comentei.

Não que se deva fechar os olhos, mas acho que deveríamos admirar a luta alheia por uma sociedade melhor,



qtos anos vc tem, 22? 18?


apesar de não ser exatamente como desejaríamos.



hein?

filha, eu nao gosto eh do mundo, se vc me perguntar.

na proxima, quero nascer pernilongo, assim cumpro minha missao na terra sem dramas inuteis, vivendo poucos dias e fazendo tudo o que vim pra fazer, principalmente chupar sangue e me reproduzir pra depois vivier minha redençao numa poça d'água em dia de chuva. ou morto por aerosol.


Mas se fosse como desejamos, será que daria certo?



ué vc mesma falou que tem que aceitar os defeitos, mas que devemos reconhecer a luta blabla... te pergunto, a tal LUTA nao seria mais efetiva se tudo fosse como queremos? ou vc prefere com defeitos? vai dizer que eh o tempero, que dah o gostinho?


Nós seríamos capazaes de por em prática um plano por uma sociedade melhor, articulando movimentos como as madres ou o mst?


Comece a pensar na Monsanto, como eu disse.

Assuste-se. Queira morrer.

Té... Haushinka!!

Da Palermo.


Bom, é isso que eu acho.
Um abraço, Michele.

 
Às 4:14 PM , Blogger Michele Torinelli disse...

sem comentários.

 
Às 4:05 AM , Anonymous Anônimo disse...

Projeto Canción, como vc é cagón, hein? voi lá, como anônimo e publicou meus emails pra vc??? como se eu tovesse postado? Vc são uns merdas mesmo.

CAGONES

 

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