Projeto Canción

quinta-feira, outubro 26, 2006

Questão de desordem

Quem controla a minha vida?
Minha família? O dinheiro?
A preocupação com a estética?
Meus sonhos e ideais?
Meu corpo, como consciência de matéria?
Minhas aspirações profissionais?
Meus laços de amizade, de sangue, de sentimento?
Tudo isso. Ou nada.

Cruz e Sousa diria que o corpo é o cárcere da alma. Temo discordar. A maior das prisões é quando fazemos nossas as exigências do mundo. Amadurecer, estudar, casar... "Um emprego e uma namorada, quando você crescer".
Buscamos esses padrões de segurança, mesmo contra nossa vontade, mesmo quando duvidamos desses estigmas sociais.
Deixamos de lado nossa pureza, nossas loucuras, nossa dúvida existencial, para continuarmos rodando a engrenagem social.

Capitalismo selvagem, selva de pedra
Olho por olho, dente por dente.

Assim nos tornamos quem somos - atores procurando destaque no cenário mundial.

Reflexão trocada por verdades prontas
Cultura por entretenimento
Filosofia por auto-ajuda
Amor por atração
Sonhos por dinheiro

Tudo isso porque queremos, porque aceitamos o mais cômodo, embalado e pronto para consumo. Não sabemos mais ousar. Temos medo do futuro.
Tememos a noite, mas nos sentimos atraídos por ela. O imprevisível nos fascina, mas fazemos tudo para evitá-lo. Cada vez mais procuramos por "aventuras seguras nos fins-de-semana" para quebrar a rotina. Mas somos nós quem construímos a rotina.

Procuramos nossa "cara metade", "alma gêmea", " o amor de nossas vidas". Não sabemos aceitar os outros. Evitamos olhar nos olhos. Temos medo de nos expôr, de transparecer nossas fragilidades e inseguranças. Criamos uma personagem social para esconder nossa real personalidade, ocultando nossas características mais pessoais e humanas.

Temos medo da solidão.
Temos medo do escuro,
do sofrimento, da desilusão.
Temos medo da vida.
Vivemos num quarto frio,
com paredes padronizadas de tempo e espaço.
Olhamos a vida pela janela
com olhos de fascinação e medo.
Poucos ousam pular.
Costumamos chama-los de
loucos ou gênios.
Eu os chamo de livres.


*esse texto eu escrevi em Curitiba um pouco antes de sair de viagem. Encontrei ele no meu caderninho, onde rascunho os textos, e resolvi publica-lo. Afinal, refletir não faz mal a ninguém. A citação é de Raul Seixas, da música "Quando você crescer".



Mi

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